Bom dia.
Tenho 24 anos, recém-completados, e sou formada em Ciência da Computação, por decisão própria e não primariamente acertada. Fiz direito e tudo era lindo, até eu perceber que nada era objetivo. Apesar de boa vontade, eu não era prolixa suficiente para tirar boas notas nas provas - entendam, isso não é uma crítica a quem faz Direito. Eu apenas não concordava com o modelo de dar a resposta certa ao professor e ele me dar pontuação mínima, porque eu poderia explanar mais a respeito. É o correto? Não sei, talvez. Mas de uma coisa eu fui ficando ciente ao longo do semestre que cursei: não era aquilo que eu queria.
É incrível, não é? Como muitas vezes não sabemos para onde correr, mas sabemos exatamente do que correr. Sob críticas arrasadoras e protestos, saí de Direito e decidi ouvir os antigos conselhos de meu cunhado e minha irmã, sobre eu ser de exatas. "Por que não tenta computação?". Não tem a ver com eles serem de computação (claro que não, haha), mas, segundo informações próprias, estava nítido que eu pertencia à área.
Então rumei às exatas, comprometendo-me em ser a melhor. Foi a primeira vez que me vi com um objetivo sólido e bem formado.
Foi um período agradável, que terminou ao fim do ano de 2013. Desde então, tenho levado a vida de maneira bem calma, sem grandes expectativas e sem me pressionar a respeito do tipo de profissional que gostaria de me tornar. Não anseio vitórias esplêndidas, nem mares de dinheiro. Sou simples e fui criada apenas com o necessário. Por isso, talvez, a falta de ambições.
As coisas eram assim há mais ou menos um mês.
Começou com um leve incômodo sobre o quão subjugada é a tecnologia da informação por parte de uma massa de ignorantes. Entendam, eu não sei das coisas, nem domino a técnica sublime e milenar da sabedoria para tomar decisões, mas (quem é de exatas, sabe) dizer que uma empresa de grande porte não carece de tecnologia da informação (veja, não me referi a manutenção de computadores) é uma grande tolice. Não vou dissertar aqui sobre a importância da tecnologia da informação e da computação, porque fiz isso umas duas vezes durante a faculdade, mas alguém me acuda dessa ignorância ambulante.
Foi quando ocorreu o boom das minhas antes calmas reflexões, e meu mundo ficou totalmente louco - literalmente.
Percebi, em primeiro momento, a grande oportunidade de chamar diretores e gerentes para uma objetiva e aterrorizante palestra sobre "O Que As Empresas Perdem Quando Não Investem em Tecnologia Da Informação". E me perguntei: é a tecnologia? É ela que me faz querer levantar todos os dias e encarar problemas? Profissionalmente falando, eu casei com a profissão correta?
Vamos a outro ponto importante sobre a vida: a grande maioria das pessoas odeia seu trabalho e gostaria de estar trabalhando com o que gosta. Raros são os privilegiados, capazes de trabalhar com o que amam e não obrigados a lidar educadamente com seu trabalho. A vida não é fácil, para ninguém. Se tanta gente não gosta do seu trabalho, eu pergunto, por que eu seria uma dessas raridades, privilegiadas em amar o que faço e fazer o que amo?
Por que você é especial? O que te faz especial? NADA.
Ok, ninguém é mais especial que outro. Ninguém é melhor ou superior. Apenas somos diferentes e disso todo mundo sabe, embora muitos insistam na estúpida discriminação (entendam, todos apodreceremos e federemos quando a carne não suportar). O que nos torna, então, diferenciados?
Muitos dizem muitas coisas e eu vos digo: é preciso insistir e persistir. Triste coisa é dar conselhos que não se segue, não é? Mas estou começando. Mesmo que não dê certo de cara, é preciso persistir. Mesmo que todos digam que você está sonhando alto demais, entenda: está nas suas mãos, acreditar em você e encarar o tranco que vier. No fim, você tem grandes, grandes chances de alcançar seu intento e, consequentemente, vai se tornar alguém mais forte e pronto para desafios maiores. É isso que nos torna aptos a evoluir.
Eu não quero trabalhar com computação. Meu sonho se faz em outra área, uma que não tem nada a ver com exatas. Talvez alguns me digam que, por eu ter facilidade em programar, devia aproveitar, mas vamos a uma breve comparação: carreira é como sexo. Se você não se satisfizer, a relação não tem futuro. Pergunte-se: você sente orgasmos quando conclui suas tarefas? Você fica inteiramente feliz e satisfeito ao ver seu legado para a empresa? Se sim, ótimo, você está no caminho certo. Mas se não... em dois tempos, você broxará e dará início aos conflitos, porque não adianta mesmo apenas tentar agradar ao parceiro, anulando seus próprios desejos e seu próprio prazer. Mas você está pronto para dar fim à relação? Você tem peito, coragem ou ímpeto para dizer "chega"?
Lógico que é difícil. Meu trabalho é agradável, sim (exceto por algumas pessoas), mas não existem orgasmos depois de concluída minha parte. Há outras coisas que me dão mais prazer, mas que cobram um preço alto para serem feitas. Meu sonho é alto demais e complicado. Eu sei para onde devo seguir, mas não sei se tenho todo o peito necessário para lidar com as necessidades desse caminho. Complexo.
Acompanhem postagens futuras.
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